CCIAH pede esclarecimentos sobre ampliação do HDES
A Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) quer esclarecimentos sobre as obras de ampliação do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, que podem custar 300 milhões de euros.
"Não se questiona a importância da ampliação do HDES ou do crescimento daquela infraestrutura, mas sim a falta de transparência e a ausência de critérios técnicos que fundamentem o investimento em causa", lê-se num comunicado de imprensa.
A administração do HDES revelou, esta semana, que as versões finais dos programas funcionais que vão servir de base às obras no hospital já foram entregues à tutela, prevendo que a empreitada seja lançada "no primeiro semestre de 2025".
Segundo a administração, os programas funcionais identificam a construção de um novo edifício, com 50.510 metros quadrados, a ampliação e remodelação do atual edifício, novas áreas contíguas para serviços não clínicos e logísticos e o redimensionamento do estacionamento.
A CCIAH, liderada por Marcos Couto, critica "a ausência de uma política de saúde regional e a inexistência de critérios técnicos que justifiquem essa intervenção".
"Após o incêndio que afetou a unidade hospitalar, os processos subsequentes têm-se desenrolado de forma opaca, dificultando a compreensão das opções tomadas, como a escolha pelo Hospital Modular e, agora, pela ampliação que custará aproximadamente 300 milhões de euros. Estamos perante uma nova SATA", aponta.
Os empresários dizem que a decisão "parece ser tomada em cima do joelho" e "revela um despesismo que compromete o presente e o futuro" da região.
"Trata-se de uma opção tomada de forma pouco clara que coloca o sistema regional de saúde sob a influência de um centralismo irresponsável, bafiento e ignorante. A atual Secretária Regional da Saúde não passa, pois, de mais uma vítima desse centralismo", acusam.
A associação empresarial defende que o executivo tem de esclarecer "quais serão os custos operacionais, de recursos humanos e de funcionamento, associados a uma ampliação megalómana como a prevista para este hospital" e "qual o impacto dessa intervenção nas contas da região nos próximos 30 anos".
A CCIAH sublinha que esta posição "não deve ser interpretada como bairrista", mas como "uma postura responsável e genuinamente comprometida com a boa gestão dos recursos públicos".
"O desperdício significativo que se prevê devido à má gestão do processo de recuperação do HDES terá um impacto devastador em todo o sistema regional de saúde, que já carece há muito de investimentos estruturais", alerta.
Os empresários receiam que a ampliação do HDES possa comprometer investimentos no Hospital da Ilha Terceira, como as novas instalações do laboratório do SEEBMO.
A associação empresarial considerou ainda "de uma gravidade sem precedentes na história da Autonomia" o processo de recuperação do HDES, lembrando as declarações do ex-vogal do conselho de administração António Vasco Viveiros, que disse que teria sido possível reestabelecer o funcionamento do hospital em dois ou três meses.
Diário Insular (01/02/2025)