Escassez de bens alimentares nos mercados da Terceira
Prateleiras vazias em vários estabelecimentos da ilha Terceira denunciam uma rutura no abastecimento marítimo de mercadorias - segundo apurou DI junto de várias fontes.
Clientes habituais das "compras" em várias superfícies procuraram o nosso jornal e facultaram fotografias com prateleiras vazias ou perto disso.
O problema tem vários dias, mas agravou-se nas últimas 48 horas, face à impossibilidade de reposição de alguns produtos importados.
Segundo foi explicado ao DI por fontes ligadas ao transporte marítimo, um navio que deveria transportar contentores para a Terceira avariou e os produtos ficaram no continente, o que colidiu com a quase escassez de stocks na ilha.
DI falou com várias superfícies. Nuns casos os estabelecimentos estavam a aguardar e noutros já tinham começado a receber produtos ao longo do dia de ontem.
"De facto, os stocks são diminutos e estamos todos fiados na regularidade do transporte marítimo. Mas estamos sempre com o coração na mão à espera que aconteçam coisas destas. Desta vez aconteceu...", disse ao DI um funcionário de uma superfície local que pediu anonimato.
É muito provável que a situação fique regularizada até ao fim da presente semana, disse o funcionário em causa.
DISFUNCIONAL
A ilha Terceira consome, por exemplo, cerca de dez mil toneladas de batatas e cerca de sete mil toneladas de cebolas por ano. A taxa de cobertura destes produtos pela produção local é residual. Segundo Hugo Veríssimo, do Pomar da Ilha, a Terceira produz batatas para três semanas por ano, enquanto a produção de cebolas é quase insignificante.
No geral, legumes e frutas têm produções locais que não chegam para as necessidades do consumo durante um mês por ano, segundo Hugo veríssimo.
Há exceções. As bananas locais têm produção suficiente para sete meses de consumo, o mesmo acontecendo com alfaces. Estes são bons exemplos citados por Hugo Veríssimo.
Um dos problemas detetados tem a ver não apenas com a baixa produção local, mas também com o facto de vários produtos que entraram na dieta das populações da ilha nem sequer produzidos nas nossas terras, sendo importados na totalidade.
FUTURO
O responsável pelo Pomar da Ilha disse ao DI que há boas expetativas quanto à produção de limões.
Com os pomares já plantados, Hugo Veríssimo espera que dentro de dois a três anos seja possível abastecer a ilha Terceira só com limões produzidos localmente. Só o Pomar da Ilha tem plantados quinze alqueires (cerca de quinze mil metros quadrados) que quando entrarem em produção deverão dar uma importante ajuda ao mercado local.
O Governo Regional já declarou o seu interesse na produção local para inverter a dinâmica das importações, mas os efeitos junto do consumidor final parecem ser ainda diminutos, dada a quantidade e a variedade dos produtos importados.
Diário Insular (30/01/2025)