CCIAH contra concentração de serviços de saúde em São Miguel

A Comissão Setorial de Saúde da Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) manifestou-se contra a concentração de cuidados de saúde na área da cardiologia em São Miguel, como propôs a presidente do conselho de administração do Hospital de Ponta Delgada, salientando que, desta forma, será "sacrificada a almejada coesão regional e a equidade no acesso dos açorianos à saúde".

Em comunicado, a Comissão de Saúde da CCIAH refere que "a visão profundamente centralista de Paula Macedo revela desconhecimento e falta de consciência sobre como deve funcionar um Serviço Regional de Saúde (SRS) avesso a disparidades regionais e suficientemente resiliente para servir os utentes de todas as ilhas".

"Não é concentrando serviços numa única ilha que os açorianos ficarão melhor servidos. Tal opção poderá revelar-se catastrófica e sacrificar a proteção na saúde das populações, algo que esta comissão rejeita em absoluto", adianta.

Para a Comissão de Saúde, "é inaceitável que, numa região isolada e geograficamente descontínua como os Açores, não se leve em consideração essas especificidades no planeamento do setor de saúde".

A Comissão de Saúde considera que "a resposta, neste setor, deve ser robusta, previsível e focada na redundância de serviços, fortalecendo outras unidades hospitalares, nomeadamente o Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT)".

"É urgente destinar recursos ao HSEIT, garantindo que, em nenhuma circunstância, a capacidade de atendimento do SRS aos doentes seja comprometida. É por isso que defendemos que o HSEIT seja munido de equipamentos cruciais, como uma sala de hemodinâmica", salienta.

A Comissão de Saúde recorda que "é na ilha Terceira que se localiza a principal pista de emergência do Atlântico Norte, um fator crucial que deve ser considerado na organização dos cuidados de saúde".

Segundo a comissão, o incêndio no Hospital de Ponta Delgada, "deveria ter servido como um alerta sobre a fragilidade do SRS". "Em vez disso, parece que estamos a perder a oportunidade de abordar o sistema de saúde de forma integrada, promovendo uma saúde desigual, a várias velocidades e desatenta face à realidade de cada ilha", conclui.

 

Diário Insular (25/01/2025)