Empresas turísticas atrasadas na digitalização
O inquérito à “Transição Digital das Empresas Turísticas Açorianas” do Observatório do Turismo Sustentável dos Açores revela que 56,37% das empresas nunca, raramente ou apenas às vezes identificam as ferramentas necessárias para digitalizar o seu negócio. Uma realidade que leva o presidente do OTA a defender mais apoios para a digitalização
As empresas turísticas açorianas estão atrasadas na digitalização, embora haja realidades diferentes conforme o setor de atividade ou a ilha onde a empresa está instalada, revela um inquérito realizado pelo Observatório do Turismo Sustentável dos Açores (OTA).
Os resultados do inquérito à “Transição Digital das Empresas Turísticas Açorianas” revelam que 56,37% das empresas nunca, raramente ou apenas às vezes identificam as ferramentas necessárias para digitalizar o seu negócio.
O inquérito do OTA refere igualmente que 74,8% das empresas inquiridas nunca, raramente ou apenas às vezes investem em formação para garantir que os empregados se sintam confortáveis na utilização de novas tecnologias.
E revela ainda que 62,14% das empresas inquiridas nunca, raramente ou apenas às vezes procuram novidades tecnológicas aplicáveis ao negócio.
O inquérito à “Transição Digital das Empresas Turísticas Açorianas” revela que apenas 28,89% das empresas inquiridas disponibiliza informações sobre reservas online no website, apesar de 81,42% das empresas inquiridas acreditarem que podem beneficiar das tecnologias digitais que ainda desconhecem. Além disso, 42,67% das empresas reconhecem precisar de conhecer melhor as novas práticas no turismo e hospitalidade.
Os resultados do inquérito à “Transição Digital das Empresas Turísticas Açorianas” mostram uma realidade que leva o presidente do OTA, Carlos Santos, a defender “que os atuais apoios à construção de novas unidades de alojamento, no caso de ilhas em que o turismo está mais desenvolvido, oferecendo taxas de rentabilidade suficientes para atrair novos investidores, devem ser desviados para apoiar a digitalização, a inovação e qualidade e sustentabilidade das empresas existentes”.
Para Carlos Santos, é necessário nas ilhas com o turismo mais desenvolvido “deixar o mercado funcionar e apoiar seletivamente apenas as áreas que garantem a competitividade da oferta no destino”.
Refira-se que o inquérito à “Transição Digital das Empresas Turísticas Açorianas” foi aplicado a 764 empresas, abrangendo as tipologias da Hotelaria Tradicional, Alojamento Local e Turismo em Espaço Rural, Animação Turística, Agências de Viagens e Operadores Turísticos, empresas de Rent-a-Car e Restauração e similares, tendo a pesquisa sido realizada entre fevereiro e abril de 2023, por meio de um questionário online, constituindo uma amostra representativa das empresas turísticas açorianas.
Em análise aos resultados, o presidente do OTA, Carlos Santos, considera que “o atraso na digitalização das empresas turísticas açorianas não é transversal a todas as áreas, nem a todas as empresas, sendo esse atraso menor nas áreas da gestão e da comunicação e marketing e nas empresas situadas nas principais ilhas - São Miguel, Terceira e Faial - sobretudo no caso da hotelaria tradicional”.
Carlos Santos alerta igualmente para a necessidade de formação da mão-de-obra no turismo, que “deve ser alvo de uma política de educação/formação global, atendendo às necessidades específicas do setor do turismo e hospitalidade nos Açores e capaz de apoiar as empresas na retenção dessa mão-de-obra qualificada e na formação contínua in loco”.
Face aos resultados do inquérito, o presidente do OTA considera ainda que é necessário “atender às especificidades das empresas turísticas açorianas, pois trata-se, na sua maioria, de pequenas e médias empresas, algumas delas em ilhas pequenas e isoladas”.
Por isso, Carlos Santos alerta que “as tecnologias devem ser dirigidas às suas necessidades e selecionadas para distintas áreas de negócio e atender à necessidade de personalização, como no caso dos alojamentos locais de pequena dimensão”.
Entre as áreas prioritárias identificadas no questionário lançado pelo OTA, Carlos Santos considera que “as mais adequadas ao perfil da maioria das empresas e as mais urgentes são a área da gestão e da comunicação e marketing, da sustentabilidade, vendas e das plataformas colaborativas”.
Refira-se ainda que no inquérito à “Transição Digital das Empresas Turísticas Açorianas”, apenas 22,77% das empresas reconhecem a necessidade de estabelecer contactos com empresas fora da Região para aprender com exemplos de sucesso na aplicação de novas tecnologias, sendo que a maioria das empresas indica que as áreas prioritárias para a inovação tecnológica são a comunicação e marketing e a gestão e vendas, embora poucas reconheçam a importância das tecnologias avançadas na operação dos seus negócios.
Além disso, 65,34% das empresas nunca participou em eventos tecnológicos e 20,37% das que participaram afirmam que os eventos atenderam às suas expectativas. Por fim, 47,07% das empresas inquiridas consideram muito útil ou extremamente útil a participação em feiras de tecnologia, o que revela a necessidade de facilitar essa participação, segundo Carlos Santos.
Resultados que levam o presidente do OTA a salientar “a carência de conhecimento sobre novas tecnologias e a sua utilidade no setor do turismo e hospitalidade”, lembrando ainda que “os principais obstáculos à adoção dessas tecnologias incluem a falta de apoios e a escassez de pessoal qualificado”.
Açoriano Oriental (21/06/2024)